quarta-feira, 30 de junho de 2010

Hipsters - Tribos Urbanas

Já ouviram falar sobre os hipsters?
No ano de 2007 eu ainda morava em São Paulo e na época um amigo virou pra mim na balada e disse que eu era hipster. Naquele momento fiquei tão intrigada com o que poderia ser o tal do hipster e ele não queria me falar, mandou eu pesquisar. Pesquisei horrores na época e até postei aqui no blog, porém excluí a postagem (já expliquei aqui o motivo de eu ter excluído as postagens antigas!)
Agora explico de novo, afinal de contas eu adoro essa tribo!

Hipster é um termo que surgiu pela 1ª vez nos anos 1940, pós Era do Jazz, para designar aqueles que eram aficcionados por ver a cultura nascer. Entre os anos 1990 e 2000, o termo ressurgiu para ilustrar um grupo de jovens que se vestem de maneira alternativa ao normal, mas que desenvolveram uma estética um tanto uniforme e facilmente identificável.
Esses jovens são geralmente de classe média, tem entre 18 e 30 anos, buscam sempre estar um passo a frente ao que vai ser notícia amanhã e são obcecados por novidades. Justamente por isso, costumam ser inovadores e tradutores de novas tendências, influenciando as pessoas ao seu redor.
Para eles, não existem soluções para os males do mundo, assim como para os próprios. Entretanto, este “nada" a defender fez com que se tornassem um fenômeno global justamente por consumir o cerne da contracultura ocidental: os diferentes pontos de vista apresentados por outras tribos, que foram transformados em indústria cultural.
Por se apropriarem desses elementos, são constantemente criticados por falta de identidade. Porém, é isso que os distingue de seus precursores e os torna tão atuais, pois lhes permite misturar-se e transformar-se em outros movimentos sociais, culturas e estilos de vida.

Os hispters são os “iniciadores de tendências”. Geralmente jovens, são pessoas “normais” que fazem faculdade, trabalham, convivem tranquilamente com outras pessoas, mas que geralmente são da alta classe social. Mas é muito mais possível um Hipster que não tenha grana. Este geralmente compra suas roupas em brechós e precisa ter mais criatividade para combinações exóticas com o que tiver na mão, mas jamais bregas! Um hipster não é brega e nem cafona, ele se veste bem, com roupas de boa qualidade, mas com uma combinação incomum, diferente e que não está na moda hoje, mas isso pode vir a ser moda (2 ou 3 anos mais tarde). São formadores de opinião, criadores de tendências para moda, música e para festas e baladas. São sempre os primeiros, tanto para iniciar algo quanto para descartar esta idéia assim que ela vira de fato modinha, ou seja, enquanto uns acham que estão abafando porque descobriram que casaco de motoqueiro voltou a estar na moda, os hipsters já sabiam disso há muito tempo.
O nome “hipster”, inclusive, vem de hip, que significa moderno, inusitado, inovador.

O que importa para os hipsters é a qualidade da roupa e não vestir uma combinação que todo mundo veste. O jeitão é parecido com o dos anos 70 ou 80, mais clássico e misturando diferentes estilos, como o vintage com rockeiro. Gostam de exclusividade e, por isso, é muito comum o hipster mandar fazer sua própria roupa com estilistas ou costureiros. 
Eles gostam de festa! E festas particulares, underground,  exclusivas. Festas pouco badaladas e que pouca gente conhece, mas que são muito boas. Com música de extrema qualidade, geralmente eletrônica. Mas eles curtem também folk music, indie e rock (contanto que você não conheça, claro). 
O típico hipster está procurando por novidades. Anda por ai de bike, metro, carro, mas sempre à procura por novas experiências, tanto na moda quanto no cinema, música, entreterimento, culinária. É aquele que, ao invés de comer comida japonesa, procura por comida vietnamita. Ao invés de assistir o filme do Wolverine, ele assiste à amostras de filmes independentes da Romênia.

Hipsters são os responsáveis pela popularização do lenço palestino, o keffiyeh. Este acessório foi inicialmente exportado por estudantes judeus e revolucionários ocidentais, a fim de mostrar solidariedade aos palestinos. Nicolas Ghesquière, estilista da Balenciaga, compôs os lenços de forma estilizada em seu desfile de outono inverno 2007/08. Rapidamente, os jovens adotaram o lenço como peça-chave de seu guarda-roupa e, no ano de 2008, não havia quem não tivesse o seu.

 
Balenciaga - inverno 2007

Outra peça ícone entre esses jovens é a camiseta de gola V, American Apparel, marca também adorada por eles e que justamente usa os jovens comuns para suas campanhas. Seu fundador é o americano Dov Charney, que virou uma figura símbolo para o grupo.
Hipsters adoram leggings metalizadas (wet legging), que a marca também produz, de preferência combinadas com camisas de flanela vintage ou camisetões com alguma estampa ou silk. Também é comum o uso de óculos de grau falsos, fazendo uma clara analogia ao geeks. O modelo favorito é o Ray-Ban Wayfarer, que aparece no maior número de cores possíveis.
A cerveja Pabst Blue Ribbon e o cigarro Parliament, símbolos da classe trabalhadora ou revolucionária, também foram adotados.
O fenômeno da garota Cory Kennedy contextualiza bem como funciona o universo dos hipsters. Ela, que era uma simples modelo, virou celebridade em 2007, ganhando inclusive a capa da revista Nylon e matéria na revista I.D.
Cory estava sempre presente em várias festas que o fotógrafo Mark Hunter, responsável pelo site Cobra Snake, costumava fotografar.
Percebendo que sempre que publicava fotos dela, as visitas no site aumentavam, Mark Hunter começou a fotografá-la com mais frequência e, de repente, ela passou a ser admirada por todos e virou ídolo.

 Cory Kennedy

Atualmente, Cobra Snake é de visita obrigatória para os adeptos do estilo. Sabendo disso, Adidas Originals, em maio de 2009, contratou o site para cobrir suas festas de aniversário nas cidades de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR). Na sequência, lançou um livro com essas fotos, para homenagear os 60 anos da marca. Aproveitando sua estada no Brasil, Mark Hunter também passou pelo Porão do Beco, em Porto Alegre (RS), onde fotografou muitos hipsters.
A revista Vice, fundada por Shane Smith, Suroosh Alvi e Gavin McInnes, também é uma forte responsável por dar imagem, conteúdo e exposição aos hipsters. Esses 3 amigos e jornalistas começaram o projeto em 1994, no Canadá, mas encontraram o sucesso em Williamsburg, no Brooklyn, bairro com a maior concentração desses jovens em Nova York.

 Capas da revista Vice

Para conferir o visual de alguns hipsters também vale a pena visitar o site Look Book, onde há pessoas cadastradas do mundo todo, que podem se fotografar e postar suas próprias fotos, como um blog de estilo coletivo.
Entre as bandas, está a dupla MGMT, um dos maiores símbolos do movimento. A dupla é responsável pelo hit “Time to pretend” (Tempo de Fingir), música que pode ser considerada o hino dessa geração, onde cantam “nós somos fabricados para fingir, e a decisão é viver rápido e morrer jovem”. Além das letras, seu clipes e suas imagens carregam muitas referências multiculturais e tribais que são seguidas da maneira que conseguem.

 MGMT

Em janeiro deste ano, a Vogue americana contratou Steven Meisel para fotografar uma série de bandas, adoradas por hipsters e, certamente, colaboradoras do estilo. Ao lado da modelo Sasha Pivovarova, as escolhidas lançaram as coleções de primavera-verão 2010/11.

 Vogue americana - coleções verão 2010/11

É importante lembrar que, para esta tribo, novidades surgem na velocidade que desaparecem. Mesmo assim, dá para destacarmos as bandas que estão no editorial da Vogue, citado anteriormente, com destaque para Vampire Weekend.
Outra que vale prestar atenção é Passion Pit, que começou a fazer sucesso em 2009. Vindos do indie, têm fortes influências da música eletrônica, associada à black music, com uma melodia quase infantil e boa de "cantar junto", o que é "bem hipster".
A seguir, um clipe da banda que tem bastantes efeitos, como recortes e colagens, que mostra bem a linguagem glamourosa, mas descartável e supérflua, comum entre eles.


Desfiles:


 


 PARA SABER MAIS: 
*Documentário "The Electro Wars", que fala do caminho inclassificável que a música eletrônica tem tomado hoje, justamente pelo excesso de remixes diários que os jovens costumam fazer em casa.

Fontes:
*

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails